O ponto de exclamação está em vias de extinção e é preciso fazer alguma coisa para o salvar!
Sobrevive enjaulado como uma fera indomável na mente de meia dúzia de resistentes, mas quase ninguém "arrisca" utilizá-lo na escrita e nas conversas do dia-a-dia.
Os escritores já nem usam vírgulas, quanto mais pontos de exclamação, os jornalistas são mais amigos da interrogação e evitam o "ponto com o tracinho" como o Diabo foge da cruz. O cidadão normal chega tão cansado a casa depois de um dia de trabalho que só pensa em pontos finais.
Depois há outro problema. Num mundo em que os robots parecem pessoas e as pessoas parecem robots, habitado por zombies de mentes adormecidas - bolas, usei um cliché - a surpresa, o espanto, o arrebatamento, o entusiasmo, a cólera e a dor contidas num ponto de exclamação são quase uma bomba atómica.
O próprio Código da Estrada pode servir de metáfora para esta problemática, uma vez que associa o ponto de exclamação a "outros perigos".
O ponto de exclamação existe e não tenham medo de o empregar. Porque há uma diferença entre dizer "Olá." e dizer "OLÁ!!!"
24.2.10
A verdade dos números
São impressionantes as imagens da Madeira e já trágicos os números conhecidos oficialmente.
Espero que a política do "não dramatizar" e do "deixar tudo bonitinho" não leve as autoridades a branquear a situação.
O "caso" do número de vítimas é estranho. Não percebo como se fala em "estimativas" numa situação destas, não percebo como se fala em mortos ainda não confirmados, não percebo como se encontram corpos hoje que, afinal, ontem já estavam contabilizados, não percebo como só se contam corpos autopsiados. Não percebo...
É essencial que se respeitem as vítimas e as suas famílias. É também preciso respeitar todas as outras pessoas (portuguesas e não só) que ficaram consternadas com o que viram desde a manhã de sábado.
Também por isso é obrigatório que se saiba a verdade dos números da tragédia, custe o que custar.
Espero que a política do "não dramatizar" e do "deixar tudo bonitinho" não leve as autoridades a branquear a situação.
O "caso" do número de vítimas é estranho. Não percebo como se fala em "estimativas" numa situação destas, não percebo como se fala em mortos ainda não confirmados, não percebo como se encontram corpos hoje que, afinal, ontem já estavam contabilizados, não percebo como só se contam corpos autopsiados. Não percebo...
É essencial que se respeitem as vítimas e as suas famílias. É também preciso respeitar todas as outras pessoas (portuguesas e não só) que ficaram consternadas com o que viram desde a manhã de sábado.
Também por isso é obrigatório que se saiba a verdade dos números da tragédia, custe o que custar.
23.2.10
Zeca
Porque há personagens que não esquecemos...
Porque há personagens que não queremos esquecer...
Zeca Afonso morreu há 23 anos.
Porque há personagens que não queremos esquecer...
Zeca Afonso morreu há 23 anos.
21.2.10
Madeira
Se as situações de crise extrema revelam os grandes homens e os grandes líderes politicos (seja de um governo central ou regional), o Alberto João Jardim teve para já nesta tragédia da Madeira duas frases que dão que pensar.
A primeira quando disse, logo na intervenção inicial após o que aconteceu, que "agora o que é preciso é cuidar dos vivos", citando uma máxima pombalina. Não deixando de ser verdade, pareceu-me uma desconsideração para quem tinha acabado de perder familiares ou amigos. A segunda, depois do encontro com o primeiro-ministro, em que afirmou que era preciso não "dramatizar" muito isto para o exterior, para não afectar a economia madeirense. Porque, de facto, numa tragédia destas a primeira coisa em que se pensa logo é na economia...
Assim se vêem as qualidades do grande estadista da Madeira...
20.2.10
Nota 20
Este mês viro-me para os novos talentos e para uma pessoa que, parece-me a mim, estava predestinada para aparecer nesta rubrica:
Chama-se Kerringhton Payne, é californiana, actriz e bailarina (suspeito que, apesar de tudo, com mais talento para a dança do que para a representação...)
Ora esta moça fez este ano 20 aninhos, nada mais nada menos do que no passado dia 20 de Janeiro. (diz-vos alguma coisa?...)
A mim partiu-me todo com esta sequência no remake do Fame.
17.2.10
1, 2...
... Três anos já passaram desde que o Zeca abriu assim esta nossa/vossa casa.
Desde aí, 590 posts a dividir por quatro "cromos" que aproveitam este espaço, quando lhes apetece, muitas vezes para "arejar a cabeça".
Algumas vezes escrevemos coisas a brincar, mas muitas outras estamos a falar muito a sério.
É isso que prometemos continuar a fazer, com total liberdade.
Obrigado pela visita
Desde aí, 590 posts a dividir por quatro "cromos" que aproveitam este espaço, quando lhes apetece, muitas vezes para "arejar a cabeça".
Algumas vezes escrevemos coisas a brincar, mas muitas outras estamos a falar muito a sério.
É isso que prometemos continuar a fazer, com total liberdade.
Obrigado pela visita
16.2.10
At the movies (8)
Já saíram os nomeados para os Óscares 2010 e eu, como sempre, estou em défice nesta matéria e só vi "Avatar".
Entre os que ouvi falar ou vi o trailer... apetecia-me não perder estes:
Sacanas Sem Lei:
The Hurt Locker
Precious
Nas Nuvens
Invictus
The White Ribbon
A Estrada
Into the wild
Não sei, sinceramente, se todos valem a pena, mas gostava de arriscar.
Digam-me qualquer coisa sobre estes e outros que me tenha esquecido.
Entre os que ouvi falar ou vi o trailer... apetecia-me não perder estes:
Sacanas Sem Lei:
The Hurt Locker
Precious
Nas Nuvens
Invictus
The White Ribbon
A Estrada
Into the wild
Não sei, sinceramente, se todos valem a pena, mas gostava de arriscar.
Digam-me qualquer coisa sobre estes e outros que me tenha esquecido.
12.2.10
World Press Photo 09
This picture by Italian photographer Pietro Masturzo won Photo of the Year in the World Press Photo of the Year 2009 contest, it was announced by the organisers on 12 February 2010 in Amsterdam, The Netherlands. It shows women in Tehran, Iran, shouting from a rooftop in protest against the regime on 24 June 2009
Liberdade de imprensa
Temo que, face ao actual quadro político-financeiro, se esteja a fazer alguma confusão entre "liberdade de expressão" e "liberdade de imprensa".
Não acho que a primeiro esteja, pelo menos para já, em causa. Já a segunda parece estar a ser fortemente pressionada e condicionada - e isso, só por si, é grave e perigoso. Se for verdade, essa política tem que ser combatida.
Os "casos" são diferentes, mas o certo é que se sucedem: Manuela Moura Guedes/TVI, José Manuel Fernandes/"Público", Mário Crespo, agora o "Sol"... e sei lá que mais.
Nada está provado mas, alegadamente, o Primeiro-ministro poderá estar - directa ou indirectamente - ligado a todos estes casos.
Todos são inocentes, até prova em contrário, mas lá que a "coisa" não parece bonita, lá isso não parece.
Sem mais comentários... gostava só de deixar um vídeo de José Sócrates em 2004. Chamo a atenção, especialmente, para o último minuto e pouco. Gostava que o José Sócrates, versão 2010, o visse e revisse.
ADENDA: O Sol hoje nasceu duas vezes... ainda bem
Não acho que a primeiro esteja, pelo menos para já, em causa. Já a segunda parece estar a ser fortemente pressionada e condicionada - e isso, só por si, é grave e perigoso. Se for verdade, essa política tem que ser combatida.
Os "casos" são diferentes, mas o certo é que se sucedem: Manuela Moura Guedes/TVI, José Manuel Fernandes/"Público", Mário Crespo, agora o "Sol"... e sei lá que mais.
Nada está provado mas, alegadamente, o Primeiro-ministro poderá estar - directa ou indirectamente - ligado a todos estes casos.
Todos são inocentes, até prova em contrário, mas lá que a "coisa" não parece bonita, lá isso não parece.
Sem mais comentários... gostava só de deixar um vídeo de José Sócrates em 2004. Chamo a atenção, especialmente, para o último minuto e pouco. Gostava que o José Sócrates, versão 2010, o visse e revisse.
ADENDA: O Sol hoje nasceu duas vezes... ainda bem
11.2.10
No comments
A frase do dia:
"Você tem razão, a culpa não é sua... mas tem que pagar".
Este país, às vezes, mete-me muita impressão.
"Você tem razão, a culpa não é sua... mas tem que pagar".
Este país, às vezes, mete-me muita impressão.
7.2.10
ETA
Portugal fala em mais de 700 quilos de explosivos, Espanha em 1500... tudo numa vivenda perto de Óbidos.
Se isto não é uma base da ETA em Portugal não sei o que será.
Ainda bem que o SIS, o OSCOT e o Governo sempre nos tranquilizaram garantindo que esta base não existia - a última vez foi em... Janeiro de 2010.
Se isto não é uma base da ETA em Portugal não sei o que será.
Ainda bem que o SIS, o OSCOT e o Governo sempre nos tranquilizaram garantindo que esta base não existia - a última vez foi em... Janeiro de 2010.
6.2.10
À beira do abismo...
Depois da confusão das últimas semanas - com a pseudo-crise política a subir de tom, cavalgando uma crise económica grave em que até a Europa está de olho em nós - a divulgação pelo "Sol" de parte das escutas do "caso Face Oculta" pode ter sido a machadada final.
A confirmar-se o que lá está (independentemente de uma eventual quebra do segredo de justiça) a situação é tão grave que dificilmente José Sócrates poderá continuar como Primeiro-ministro.
É que este é apenas mais um dos "casos"... e já são casos a mais, como se sabe.
Por outro lado, esta "coisa" do actual Governo estar a ver se cai, para tentar voltar à maioria absoluta, não está a ajudar em nada.
ADENDA: Curiosamente, ninguém ainda desmentiu o conteúdo das escutas, apenas que não têm relavância jurídica. Onde é que já ouvimos isto?
A confirmar-se o que lá está (independentemente de uma eventual quebra do segredo de justiça) a situação é tão grave que dificilmente José Sócrates poderá continuar como Primeiro-ministro.
É que este é apenas mais um dos "casos"... e já são casos a mais, como se sabe.
Por outro lado, esta "coisa" do actual Governo estar a ver se cai, para tentar voltar à maioria absoluta, não está a ajudar em nada.
ADENDA: Curiosamente, ninguém ainda desmentiu o conteúdo das escutas, apenas que não têm relavância jurídica. Onde é que já ouvimos isto?
1.2.10
Aqui só se censura a censura...
Por isso, aqui vai o texto não publicado do Mário Crespo: "O fim da linha"
"Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”.
Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.
Nota: Artigo originalmente redigido para ser publicado hoje (1/2/2010) na imprensa.
Pensava que ainda se estava em Democracia e que ainda havia liberdade de imprensa e de opinião em Portugal.
Se calhar é mais uma das "pequenas questões da política".
Sobre a "estória" aqui relatada... "isso são outros 500", como costuma dizer-se.
"Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”.
Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.
Nota: Artigo originalmente redigido para ser publicado hoje (1/2/2010) na imprensa.
Pensava que ainda se estava em Democracia e que ainda havia liberdade de imprensa e de opinião em Portugal.
Se calhar é mais uma das "pequenas questões da política".
Sobre a "estória" aqui relatada... "isso são outros 500", como costuma dizer-se.
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