10.4.22

RRádio

 Há 85 anos que rádio em Portugal se escreve com dois RR. A "Velha Senhora" assinala também 50 anos de informação e 25 de online.

Eu, ouvinte há 47 anos, modesto funcionário há 23, cá continuo na luta por um jornalismo sério, credível e verdadeiro - marca da casa - e a assistir, às vezes deslumbrado, às inovações e avanços tecnológicos que permitiram emissões em directo de balões de ar, ou de carro para carro, ou no metro ou de bicicleta ou sei lá mais o quê... ou então loucuras físicas como 51 horas da mesma equipa em directo sem parar (sim, isto aconteceu mesmo).

Também há dias e situações menos boas, mas essas guardo para mim ou para irmos discutindo internamente. Imagino que seja assim em todas as famílias ou empresas.

Não sei quantos mais anos me vão calhar em sorte, espero que muitos e bons. Tem sido um privilégio.

Aos amigos que me continuam a aturar: saúde e sorte. Aos muitos que têm saído: saudades.

Parabéns a todos ou que ouvem e fazem a RRádio.

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8.4.22

Rita Rodrigues

Circula pelas redes sociais um vídeo da jornalista Rita Rodrigues, da CNN Portugal, a chorar no final de uma pena sobre o sofrimento de crianças ucranianas.

Pelo que percebi, a maioria das manifestações são de solidariedade e compreensão pela situação da jornalista, mas há sempre uns "artistas" a criticar.

Sim, um jornalista deve ser (o mais possível) isento no seu trabalho, sério e equilibrado, mas não está escrito em lado nenhum que em situações limite não pode emocionar-se.

Um jornalista é uma pessoa como as outras, com sentimentos, com emoções, com dias bons e dias maus, co Om alegrias e tristezas, como todos...

Tenho mais de 20 anos de profissão - 24 se contarmos o estágio - e já tive dias muito intensos, stressantes, longos, alguns passados em situações pessoais difíceis.

Estava a trabalhar no dia em que o Papa João Paulo II morreu, no dia do 11 de Setembro, no dia da queda da ponte de Entre-os-Rios, no dia dos incêndios de Pedrogão, só para citar alguns exemplos. Em todos estes casos, após muitas horas de trabalho "non stop", a "ficha" caiu-me horas depois. Só quando cheguei a casa percebi verdadeiramente o que tinha acontecido e as notícias que tinha escrito. Talvez por isso não me lembro de ter chorado, mas até talvez tenha acontecido.

Mas - confesso - no dia em que Miklos Feher morreu em campo, em Guimarães, não resistiu e durante uns minutos chorei. A notícia da morte do jogador chegou horas depois da queda em campo. E foi difícil terminar aquele turno.

Percebo perfeitamente a reacção de Rita Rodrigues - que não conheço pessoalmente - e estou solidário com ela. Os jornalistas também são "pessoas humanas". E não há dúvidas: As imagens de Bucha, Irpin ou Mariupol são altamente chocantes.