Circula pelas redes sociais um vídeo da jornalista Rita Rodrigues, da CNN Portugal, a chorar no final de uma pena sobre o sofrimento de crianças ucranianas.
Pelo que percebi, a maioria das manifestações são de solidariedade e compreensão pela situação da jornalista, mas há sempre uns "artistas" a criticar.
Sim, um jornalista deve ser (o mais possível) isento no seu trabalho, sério e equilibrado, mas não está escrito em lado nenhum que em situações limite não pode emocionar-se.
Um jornalista é uma pessoa como as outras, com sentimentos, com emoções, com dias bons e dias maus, co Om alegrias e tristezas, como todos...
Tenho mais de 20 anos de profissão - 24 se contarmos o estágio - e já tive dias muito intensos, stressantes, longos, alguns passados em situações pessoais difíceis.
Estava a trabalhar no dia em que o Papa João Paulo II morreu, no dia do 11 de Setembro, no dia da queda da ponte de Entre-os-Rios, no dia dos incêndios de Pedrogão, só para citar alguns exemplos. Em todos estes casos, após muitas horas de trabalho "non stop", a "ficha" caiu-me horas depois. Só quando cheguei a casa percebi verdadeiramente o que tinha acontecido e as notícias que tinha escrito. Talvez por isso não me lembro de ter chorado, mas até talvez tenha acontecido.
Mas - confesso - no dia em que Miklos Feher morreu em campo, em Guimarães, não resistiu e durante uns minutos chorei. A notícia da morte do jogador chegou horas depois da queda em campo. E foi difícil terminar aquele turno.
Percebo perfeitamente a reacção de Rita Rodrigues - que não conheço pessoalmente - e estou solidário com ela. Os jornalistas também são "pessoas humanas". E não há dúvidas: As imagens de Bucha, Irpin ou Mariupol são altamente chocantes.
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