Nunca fui fã de Carlos Queirós, mas confesso que pensei que a sua vinda para a selecção pudesse trazer um acréscimo de "racionalidade" no futebol português, em contraponto com o excesso de "paixão" que marcou a passagem de Scolari. Agora, depois de ter visto dois jogos (e sublinho que só consegui ver os encontros contra a Suécia e a Albânia, dos outros não posso falar) vejo que, não só não houve qualquer ganho relativo de racionalidade, como ainda se verifica um decréscimo substancial da paixão.
Não é fácil suceder a Scolari, que, quer se goste quer não, teve o ciclo de maior sucesso da história da selecção portuguesa. E Queirós não tem a vida facilitada. O grupo é, a meu ver, dos mais dificeis, e quem alguma vez pensou que eram favas contadas desde o inicio só por puro desconhecimento do futebol. A Dinamarca e a Suécia têm marcado presença constante nas fases finais de mundiais e europeus, e a Hungria tem sempre uma palavra a dizer para complicar contas (e agora, ao que parece, a Albânia...)
A juntar a isso, tenho sérias dúvidas sobre a mentalidade desta nova geração. Mais do que uma prova irrefutável de qualquer coisa, um presságio : ontem o meio campo (é certo que por causa das lesões) era constituido pelos mesmos 3 jogadores que foram titulares no Europeu de sub-21 há dois anos em Portugal, e em que a selecção fez a figura triste que fez ...
Por último, voltando ao inicio. Carlos Queirós. Venceu dois mundiais de sub-20, que tiveram grande importancia para Portugal, é certo.O trabalho ao nível da formação é indesmentivel. Mas aposto que haverá muito pouca gente no mundo, sem ser os portugueses, que se lembre disso. Vocês sabem dizer, por exemplo, quem venceu os mundiais seguintes nessa categoria? Até punha dinheiro no Brasil e Argentina, mas não sei dizer quando ganharam. Tirando isso, Queirós não ganhou nada de muito significativo. Venceu a Taça e Supertaça com o Sporting, é certo, mas onde só se aguentou um ano. No Real Madrid, onde esteve também uns meses, ainda ganhou a Supertaça Espanhola. Mas nada mais de substancial. Scolari quando chegou tinha, pelo menos, um curriculo de titulos a apresentar.
Em suma, não dúvido que Queiroz tenha competência para um trabalho de reorganização do futebol português, mas não é um homem para dar "o corpo às balas". Por isso o sucesso que teve no Manchester, e que não teve noutros lados. E isso viu-se no nervosismo no jogo com a Albânia. Um líder nunca pode ser o primeiro a ceder.
16.10.08
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2 comentários:
Scolari partiu e levou consigo a Santinha do Caravágio. Acho que os problemas da selecção portuguesa passam por aí :)
abraço
Meu amigo, estou 100% de acordo contigo.
Também não sou fã de Queirós e temi pelo meu clube quando o mister chegou a ser hipótese.
Acredito que Carlos Queirós sabe de futebol, mas é do futebol de gabinete, organizar, coordenar...
Sempre duvidei da sua capacidade enquanto técnico principal de campo... acreditei que isso se notaria menos na selecção mas o certo é que o homem não sabe responder À pressão de um jogo e já errou várias vezes (quer no "11" quer nas substituições)
Solução para isto? O despedimento estará fora de questão (quatro anos de contrato)... talvez não seja mau comprar uma máquina de cálcular
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