Na escola primária, na altura em que eu ainda percebia alguma coisa de matemática, tinha um colega que me ultrapassava de largo.
O Gino (de nome Domingos) era o melhor aluno da turma nessa coisa das contas, muito por culpa do negócio da família. Era o líder, dominava as brincadeiras, era uma espécie de capitão numa equipa de futebol.
Dele, em relação a mim, recordo dois momentos: escolhia-me sempre para ficar nas suas equipas e, uma vez, depois de eu ter partido a cabeça no recreio, foi ele que me agarrou ao colo e me levou até à professora.
O Gino (diminutivo de Ginásio, o clube da nossa terra) foi um dos meus melhores amigos naqueles quatro anos. Passados tantos anos, gostava de o rever.
Depois havia também a Julieta, Miúda muito bem disposta, nariz empinado, respondona... impecável. Prima do Gino.
O Gino e a Julieta são ciganos e fizeram parte da minha turma na primária. Estavam integrados na minha classe (como se dizia na altura) e eram tratados - como tinha que ser - de igual para igual, tal como todos os outros.
Serve esta minha lembrança para comentar isto... Quero dizer apenas: a ser verdade, é uma vergonha que não se compreende, em pleno século XXI, num país (dito) civilizado.
17.3.09
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2 comentários:
Algures na década de 80 do século passado, uma família cigana montou acampamento num olival perto da minha casa.
Dias depois, a nossa professora apresentava-nos duas novas colegas ciganas, que se "enturmaram" com facilidade, apesar de serem um pouco mais velhas.
A nossa escola só tinha uma sala, uma turma, e era uma espécie de pioneira dos "monoblocos", feita de alumínio.
As nossas colegas ciganas não acabaram o ano lectivo porque a família nómada partiu para outro lugar, mas posso dizer que deixaram saudades.
O caso de Barqueiros será mais complexo, mas acho que criar uma turma só com alunos ciganos não ajuda à integração.
A escola não são só números e letras, também é lá que se aprende a viver em sociedade.
Aqui está.
O Caneta já tempelo menos um page view angolano.
Um abraço!
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