15.1.11

Cão

Quando me pediram para tomar conta de um cão, enquanto os donos iam de férias para um destino paradisíaco, não foi propriamente como se me tivesse saído o Euromilhões e ainda sugeri que abandonassem o animal à sua sorte.

Pensaram que eu estava a brincar e, quando dei por mim, já tinha o bicho a ocupar o meu sofá, deitado na minha almofada, a rebolar-se na minha carpete, a comer a minha comida, a ladrar às 3h00 da manhã quando eu chegava a casa, a acordar-me poucas horas depois para ir à rua, a morder-me os ténis, a atacar vizinhos no elevador...

A minha sagrada rotina diária foi alterada, a minha vida passou a ser em função das necessidades do cão, dos estados de espírito do cão, do chichi do cão, de levar o "sacana manipulador" até à sua árvore preferida.

Mas o pior ainda estava para vir. Quando a semana de inferno finalmente terminou, quando passei a entrar em casa sem ser atacado e a poder dormir descansado, não é que comecei a sentir - isto até custa a admitir - uma espécie de sentimento de hum, digamos, uma certa saudade!?

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