Começo mesmo a achar que, realmente, cada país merece os políticos que tem. Já começa a fartar esta coisa de dizerem uma coisa para chegar ao poleiro e fazerem exactamente o contrário quando lá chegam.
Para não ir mais atrás, foi o que aconteceu em 2002 com Durão Barroso e em 2005 com José Sócrates: ambos aumentaram impostos, depois de jurarem a pés juntos que o não fariam.
Agora é a vez de Pedro Passos Coelho fazer o mesmo em 2011: foram meses a dizer "não mais medidas de austeridade", "não mais subidas de impostos porque o país não aguenta"; se dúvidas houvesse sobre a posição do líder até foi escrito um livro onde a oposição a mais impostos vem escrita; nas últimas semanas a pressão aumentou com o PEC 4, porque vinha aí mais austeridade e o programa acabou chumbado, "obrigando" a eleições antecipadas.
Menos de 24 horas (!!) depois de fazer cair o Governo, Passos Coelho vai a Bruxelas, leva um puxão de orelhas da senhora Merkel... e, afinal, o PSD tudo irá fazer para cumprir o défice e, pasme-se, até já admite subir impostos, mais concretamente o IVA, o dito imposto "cego" e, por isso, mais injusto.
Menos de 24 horas e uma conversa com a senhora que manda na Europa bastaram para Passos Coelho dar uma cambalhota política. Não começa nada bem... e o grave disto é que ainda estamos só no princípio de um processo e não se vê melhorias, antes pelo contrário.
O país está em crise - se calhar uma das maiores de sempre. Convinha que quem nos governa se entendesse, a bem de todos nós.
Quando será que os políticos vão deixar de mentir aos eleitores? Quando será que os políticos vão passar a dizer a verdade aos eleitores? Quando será que os políticos vão governar para o bem do país e não para os seus umbigos?
26.3.11
25.3.11
24.3.11
Prognósticos... só no fim do jogo
... e pronto, depois de semanas de crispação, que se agravaram após o discurso de tomada de posse de Cavaco Silva, lá caiu o Governo de Sócrates, seis anos depois.
Não sei o que vai acontecer nas próximas semanas, meses e anos, mas temo que isto ainda vá piorar antes de melhorar. A entrada do FMI, agora mais próxima depois desta crise política, vai trazer ainda mais problemas aos portugueses. Os exemplos grego e irlandês não auguram nada de bom.
José Sócrates desiludiu muita gente (de esquerda), podia e devia ter feito muito melhor, apesar da crise? Sim, sem dúvida. Pedro Passos Coelho vai fazer melhor? Sinceramente, não sei, mas tenho dúvidas.
Entretanto, lá para o princípio de Junho vamos (outra vez) a eleições. E se daí não sair uma clarificação? E se os dois partidos da direita não tiverem maioria absoluta, como (quase) toda a gente prognostica?
Aí não é FMI... é mesmo FIM
Não sei o que vai acontecer nas próximas semanas, meses e anos, mas temo que isto ainda vá piorar antes de melhorar. A entrada do FMI, agora mais próxima depois desta crise política, vai trazer ainda mais problemas aos portugueses. Os exemplos grego e irlandês não auguram nada de bom.
José Sócrates desiludiu muita gente (de esquerda), podia e devia ter feito muito melhor, apesar da crise? Sim, sem dúvida. Pedro Passos Coelho vai fazer melhor? Sinceramente, não sei, mas tenho dúvidas.
Entretanto, lá para o princípio de Junho vamos (outra vez) a eleições. E se daí não sair uma clarificação? E se os dois partidos da direita não tiverem maioria absoluta, como (quase) toda a gente prognostica?
Aí não é FMI... é mesmo FIM
20.3.11
Esperanza Spalding
Há duas coisas que nunca falham: o fisco e o Caneta Permanente, que a cada dia 20 elege a sua "mais que tudo"... pelo menos daquele mês.
Esperanza Spalding começou a tocar violino muito cedo, com quatro anos, mas o sensível instrumento era pequeno de mais para o talento imenso desta norte-americana.
O contrabaixo não é para meninas, dirão os mais conservadores, mas Esperanza não se deixou intimidar e decidiu enterrar mais um estereótipo. E também canta em várias línguas, Português incluído.
19.3.11
"2011 - Odisseia ao Amanhecer"
... Não, não é o novo filme de Stanley Kubrick, mas sim a nova operação militar dos Aliados, agora na Líbia, ao abrigo da resolução 1973 da ONU.
A primeira missão disparou mais de 100 mísseis que atingiram 20 alvos líbios. Terão morrido, segundo os líbios, pelo menos, 48 civis.
Via Joana Beleza: "Coincidências do caneco: Há PRECISAMENTE 8 anos começava a guerra no Iraque"
A primeira missão disparou mais de 100 mísseis que atingiram 20 alvos líbios. Terão morrido, segundo os líbios, pelo menos, 48 civis.
Via Joana Beleza: "Coincidências do caneco: Há PRECISAMENTE 8 anos começava a guerra no Iraque"
12.3.11
À rasca estão quase todos
"Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos" - Salgueiro Maia.
É por causa do estado a que chegámos que 300 mil pessoas estão hoje na rua em várias cidades do país e muitas mais estão solidárias com as manifestações.
(Quase) Todos têm razões de queixa da situação actual: o desemprego não pára de aumentar, muitos dos que têm trabalho são precários e/ou ganham mal, muitos outros fazem algo que não está directamente ligado àquilo que andaram a aprender; as reformas estão a ser cortadas, os apoios sociais e subsídios também.
É a crise internacional, diz o Governo. Não duvido que essa crise tenha influência e dificulte a recuperação económica e também não tenho dúvidas que é mesmo preciso controlar o défice e o endividamento.
O que não percebo é o caminho escolhido por um Executivo que se diz socialista: cortar salários, pensões e subsídios, simplesmente aumentar impostos cegos, insistir em despesas supérfluas, facilitar despedimentos e, já agora, também não percebo um Governo que anda a enganar o povo com constante "conversa da sereia" antes de mais uma facada nas costas dos mesmos de sempre...
Enquanto isso continuam muitos a fugir aos impostos, continuam os bancos a ter regimes de excepção, continuam a pagar-se salários escandalosos em institutos e empresas públicas.
Não percebo isto, como não percebo como não se aposta nos jovens formados que estão a fugir para o estrangeiro e brilham lá fora.
Por estas e por outras estou com o protesto de hoje, apesar de eu - pessoalmente - ter tido a sorte de conseguir empregos estáveis (se é que isso ainda existe) e de achar, por outro lado, que alguns jovens poderiam ser um pouco mais flexíveis na busca de trabalho - se a sua primeira e legitima opção demorar a aparecer.
É por causa do estado a que chegámos que 300 mil pessoas estão hoje na rua em várias cidades do país e muitas mais estão solidárias com as manifestações.
(Quase) Todos têm razões de queixa da situação actual: o desemprego não pára de aumentar, muitos dos que têm trabalho são precários e/ou ganham mal, muitos outros fazem algo que não está directamente ligado àquilo que andaram a aprender; as reformas estão a ser cortadas, os apoios sociais e subsídios também.
É a crise internacional, diz o Governo. Não duvido que essa crise tenha influência e dificulte a recuperação económica e também não tenho dúvidas que é mesmo preciso controlar o défice e o endividamento.
O que não percebo é o caminho escolhido por um Executivo que se diz socialista: cortar salários, pensões e subsídios, simplesmente aumentar impostos cegos, insistir em despesas supérfluas, facilitar despedimentos e, já agora, também não percebo um Governo que anda a enganar o povo com constante "conversa da sereia" antes de mais uma facada nas costas dos mesmos de sempre...
Enquanto isso continuam muitos a fugir aos impostos, continuam os bancos a ter regimes de excepção, continuam a pagar-se salários escandalosos em institutos e empresas públicas.
Não percebo isto, como não percebo como não se aposta nos jovens formados que estão a fugir para o estrangeiro e brilham lá fora.
Por estas e por outras estou com o protesto de hoje, apesar de eu - pessoalmente - ter tido a sorte de conseguir empregos estáveis (se é que isso ainda existe) e de achar, por outro lado, que alguns jovens poderiam ser um pouco mais flexíveis na busca de trabalho - se a sua primeira e legitima opção demorar a aparecer.
Armageddon
Sismo de 8.9; tsunami com onda superior a 10 metros; fuga radioactiva. Esta sequência digna de filme, infelizmente, é bem verdadeira e aconteceu no Japão.
Ainda não se conhece a verdadeira dimensão desta tragédia - e vai demorar muito até tudo se saber - mas o certo é que a força da natureza voltou a ditar leis. As imagens são impressionantes e dramáticas.
São já mais de mil mortos e muitos mais serão, infelizmente.
Olhando à distância para as imagens não consigo deixar de pensar que estamos a falar de um dos países que melhor está preparado para reagir a sismos desta magnitude extrema e de como seria se algo de semelhante acontecesse por cá.
Estamos preparados? Enquanto país e enquanto indivíduos? Claramente a resposta é NÃO.
Que os deuses nos poupem porque, se algum dia se repetir 1755, corremos o risco de desaparecer do mapa.
Ainda não se conhece a verdadeira dimensão desta tragédia - e vai demorar muito até tudo se saber - mas o certo é que a força da natureza voltou a ditar leis. As imagens são impressionantes e dramáticas.
São já mais de mil mortos e muitos mais serão, infelizmente.
Olhando à distância para as imagens não consigo deixar de pensar que estamos a falar de um dos países que melhor está preparado para reagir a sismos desta magnitude extrema e de como seria se algo de semelhante acontecesse por cá.
Estamos preparados? Enquanto país e enquanto indivíduos? Claramente a resposta é NÃO.
Que os deuses nos poupem porque, se algum dia se repetir 1755, corremos o risco de desaparecer do mapa.
10.3.11
Magistratura de ruptura (*)
O discurso de Cavaco Silva deixou José Sócrates e o PS - digamos - bastante encavacados... e terá deixado a direita a pensar que "se calhar, vamos mesmo lá".
Foi bastante duro o Chefe de Estado - "cruel" até, disseram alguns - com os socialistas que - claramente - não esperavam um discurso "a partir" de Cavaco Silva.
Foi bastante duro o Chefe de Estado - "cruel" até, disseram alguns - com os socialistas que - claramente - não esperavam um discurso "a partir" de Cavaco Silva.
- As comparações da década são demolidoras: o desemprego, a despesa, a dívida, o endividamento - tudo recordes negativos;
- os avisos para a "emergência económica, financeira e social";
- a exortação a um "sobressalto cívico", a que os portugueses despertem da "letargia em que têm vivido" e a uma juventude que "faça ouvir a sua voz";
- o puxão de orelhas aos "políticos que não conhecem o país real, só conhecem um país virtual e mediático": "Há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos";
- "as nomeações para os cargos dirigentes da Administração sejam pautadas exclusivamente por critérios de mérito e não pela filiação partidária"
- ah, ainda alertou contra os grandes investimentos, não reprodutivos - que é como quem diz, o TGV;
Leia aqui na integra o discurso arrasador. Para completar o ramalhete só falta ver Cavaco Silva, o novo "provedor dos jovens", na manifestação da "geração à rasca" no próximo sábado.
Confesso que depois de ver o directo e ler o discurso verdadeiro do Chefe de Estado fazem-me confusão duas coisas:
- se isto está assim tudo tão mal porque aguentou Cavaco este Governo durante este tempo todo? Se calhar porque não confia na dupla Passos Coelho/Paulo Portas (o que me obriga a concordar com ele neste ponto);
- Isto está assim tão mal e Cavaco não tem/teve nenhuma responsabilidade nisso? Eu cá acho que teve, pelos 10 anos de opções governamentais, mais os cinco de não opções presidenciais;
Entretanto, também acho que depois disto e com o FMI cada vez mais aí, vamos mesmo para eleições antecipadas.
(*) título do Público que bem se aplica à situação
7.3.11
Jornalismo
A isenção jornalística não existe, apenas o profissionalismo ou a falta dele.
Qualquer ser humano, pensante, tem opinião e toma posição sobre tudo o que está a ocorrer à sua volta, estando ou não a trabalhar. Claro que um jornalista tem "obrigações especiais" porque, se for um bom profissional, tem que contar o essencial do que está a ver e mostrar sempre todos os lados da questão.
Mas, nesta profissão corre-se sempre o risco de ser "preso por ter cão e preso por não ter" porque tudo pode mudar consoante quem estiver a ver ou a ouvir o nosso trabalho. O desporto e a política são, talvez, os dois temas mais problemáticos. Com a melhor das intenções escrevemos: "O PS desce" ou "O PSD sobe" e levamos na cabeça por qualquer uma das formas; escrevemos "O Benfica ganha" ou "o Sporting perde" e caem-nos em cima "lampiões" e "lagartos" com expressões poucos simpáticas para as nossas mães.
Isto é - digamos - normal e já nos terá acontecido a todos.
O que já não é normal é o "jornalista" que se deixa condicionar conscientemente, não procura confirmar informações ou o contraditório e esquece factos importantes para, assim, provar uma qualquer teoria. Isso, meus amigos, é desonesto e, portanto, NÃO é jornalismo.
Imaginam uma noite eleitoral sem ouvir todos os partidos com assento parlamentar? Não, pois não? Pois é, fazer resumos de um jogo de futebol onde, por exemplo, não se vê um golo alegadamente mal anulado a uma das equipas não é sério, não é ético, NÃO é jornalismo.
Qualquer ser humano, pensante, tem opinião e toma posição sobre tudo o que está a ocorrer à sua volta, estando ou não a trabalhar. Claro que um jornalista tem "obrigações especiais" porque, se for um bom profissional, tem que contar o essencial do que está a ver e mostrar sempre todos os lados da questão.
Mas, nesta profissão corre-se sempre o risco de ser "preso por ter cão e preso por não ter" porque tudo pode mudar consoante quem estiver a ver ou a ouvir o nosso trabalho. O desporto e a política são, talvez, os dois temas mais problemáticos. Com a melhor das intenções escrevemos: "O PS desce" ou "O PSD sobe" e levamos na cabeça por qualquer uma das formas; escrevemos "O Benfica ganha" ou "o Sporting perde" e caem-nos em cima "lampiões" e "lagartos" com expressões poucos simpáticas para as nossas mães.
Isto é - digamos - normal e já nos terá acontecido a todos.
O que já não é normal é o "jornalista" que se deixa condicionar conscientemente, não procura confirmar informações ou o contraditório e esquece factos importantes para, assim, provar uma qualquer teoria. Isso, meus amigos, é desonesto e, portanto, NÃO é jornalismo.
Imaginam uma noite eleitoral sem ouvir todos os partidos com assento parlamentar? Não, pois não? Pois é, fazer resumos de um jogo de futebol onde, por exemplo, não se vê um golo alegadamente mal anulado a uma das equipas não é sério, não é ético, NÃO é jornalismo.
6.3.11
É o povo pá
Os portugueses estão fartos, fartos da crise, fartos dos sacrifícios, do desemprego a subir, dos salários a descer, fartos dos políticos, fartos...
... pelos vistos também estão fartos das musiquinhas de merda que, de há uns anos para cá, invadem o panorama nacional.
E a "vingança" aí está: depois dos 5% dados a José Manuel Coelho nas eleições presidenciais, eis que agora "Os Homens da Luta" vencem o festival da canção graças - claro - ao voto do povo.
Esta música vencedora também não presta - como as outras que concorriam - mas é alegre, diz umas "verdades" e mostra que os portugueses continuam em maré de voto de protesto ou, se calhar, já de gozo, tal o desanimo.
Espero que esta "Luta é alegria" ajude a isso mesmo: a espevitar os portugueses que bem precisam. Quanto aos puristas que não gostam da música, aguentem-se, também eu já ouvi muita música miserável no festival e tive que me aguentar. "É a força do povo, pá!!!"
Vamos ver como isto vai acabar. O próximo episódio pode ser o da "Geracão à Rasca" do próximo sábado.
... pelos vistos também estão fartos das musiquinhas de merda que, de há uns anos para cá, invadem o panorama nacional.
E a "vingança" aí está: depois dos 5% dados a José Manuel Coelho nas eleições presidenciais, eis que agora "Os Homens da Luta" vencem o festival da canção graças - claro - ao voto do povo.
Esta música vencedora também não presta - como as outras que concorriam - mas é alegre, diz umas "verdades" e mostra que os portugueses continuam em maré de voto de protesto ou, se calhar, já de gozo, tal o desanimo.
Espero que esta "Luta é alegria" ajude a isso mesmo: a espevitar os portugueses que bem precisam. Quanto aos puristas que não gostam da música, aguentem-se, também eu já ouvi muita música miserável no festival e tive que me aguentar. "É a força do povo, pá!!!"
Vamos ver como isto vai acabar. O próximo episódio pode ser o da "Geracão à Rasca" do próximo sábado.
4.3.11
Entre-os-Rios
Faz hoje 10 anos que se desmoronou a ponte centenária Hintze Ribeiro, em Entre-os-Rios. Morreram 59 pessoas, a maioria nunca foi encontrada.
Foi a maior tragédia rodoviária de que tenho memória em Portugal - uma das madrugadas mais incríveis que tive que acompanhar, só comparável ao 11 de Setembro do mesmo ano.
O que me fez mais impressão, para além, obviamente, das dezenas de mortes, foi o desleixo das autoridades que deixaram cair uma ponte centenária. Ainda hoje, para além da demissão do ministro Jorge Coelho às 3 da manhã e de umas míseras indemnizações, nada mais se passou, lamentavelmente.
Já agora, depois do foguetório mediático, outro ponto que convém não esquecer é que várias promessas ficaram por cumprir, nomeadamente no que diz respeito a acessibilidades.
Foi a maior tragédia rodoviária de que tenho memória em Portugal - uma das madrugadas mais incríveis que tive que acompanhar, só comparável ao 11 de Setembro do mesmo ano.
O que me fez mais impressão, para além, obviamente, das dezenas de mortes, foi o desleixo das autoridades que deixaram cair uma ponte centenária. Ainda hoje, para além da demissão do ministro Jorge Coelho às 3 da manhã e de umas míseras indemnizações, nada mais se passou, lamentavelmente.
Já agora, depois do foguetório mediático, outro ponto que convém não esquecer é que várias promessas ficaram por cumprir, nomeadamente no que diz respeito a acessibilidades.
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