10.3.11

Magistratura de ruptura (*)

O discurso de Cavaco Silva deixou José Sócrates e o PS - digamos - bastante encavacados... e terá deixado a direita a pensar que "se calhar, vamos mesmo lá".

Foi bastante duro o Chefe de Estado - "cruel" até, disseram alguns - com os socialistas que - claramente - não esperavam um discurso "a partir" de Cavaco Silva.
  • As comparações da década são demolidoras: o desemprego, a despesa, a dívida, o endividamento - tudo recordes negativos;
  • os avisos para a "emergência económica, financeira e social";
  • a exortação a um "sobressalto cívico", a que os portugueses despertem da "letargia em que têm vivido" e a uma juventude que "faça ouvir a sua voz";
  • o puxão de orelhas aos "políticos que não conhecem o país real, só conhecem um país virtual e mediático": "Há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos";
  • "as nomeações para os cargos dirigentes da Administração sejam pautadas exclusivamente por critérios de mérito e não pela filiação partidária"
  • ah, ainda alertou contra os grandes investimentos, não reprodutivos - que é como quem diz, o TGV;

Leia aqui na integra o discurso arrasador. Para completar o ramalhete só falta ver Cavaco Silva, o novo "provedor dos jovens", na manifestação da "geração à rasca" no próximo sábado.

Confesso que depois de ver o directo e ler o discurso verdadeiro do Chefe de Estado fazem-me confusão duas coisas:

  • se isto está assim tudo tão mal porque aguentou Cavaco este Governo durante este tempo todo? Se calhar porque não confia na dupla Passos Coelho/Paulo Portas (o que me obriga a concordar com ele neste ponto);
  • Isto está assim tão mal e Cavaco não tem/teve nenhuma responsabilidade nisso? Eu cá acho que teve, pelos 10 anos de opções governamentais, mais os cinco de não opções presidenciais;

Entretanto, também acho que depois disto e com o FMI cada vez mais aí, vamos mesmo para eleições antecipadas.

(*) título do Público que bem se aplica à situação

1 comentário:

rvr disse...

O Cavaco fez um bom diagnóstico da situação do país, mas apelar ao "sobressalto cívico" em vésperas de uma manif não é de Presidente.