Foi bastante duro o Chefe de Estado - "cruel" até, disseram alguns - com os socialistas que - claramente - não esperavam um discurso "a partir" de Cavaco Silva.
- As comparações da década são demolidoras: o desemprego, a despesa, a dívida, o endividamento - tudo recordes negativos;
- os avisos para a "emergência económica, financeira e social";
- a exortação a um "sobressalto cívico", a que os portugueses despertem da "letargia em que têm vivido" e a uma juventude que "faça ouvir a sua voz";
- o puxão de orelhas aos "políticos que não conhecem o país real, só conhecem um país virtual e mediático": "Há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos";
- "as nomeações para os cargos dirigentes da Administração sejam pautadas exclusivamente por critérios de mérito e não pela filiação partidária"
- ah, ainda alertou contra os grandes investimentos, não reprodutivos - que é como quem diz, o TGV;
Leia aqui na integra o discurso arrasador. Para completar o ramalhete só falta ver Cavaco Silva, o novo "provedor dos jovens", na manifestação da "geração à rasca" no próximo sábado.
Confesso que depois de ver o directo e ler o discurso verdadeiro do Chefe de Estado fazem-me confusão duas coisas:
- se isto está assim tudo tão mal porque aguentou Cavaco este Governo durante este tempo todo? Se calhar porque não confia na dupla Passos Coelho/Paulo Portas (o que me obriga a concordar com ele neste ponto);
- Isto está assim tão mal e Cavaco não tem/teve nenhuma responsabilidade nisso? Eu cá acho que teve, pelos 10 anos de opções governamentais, mais os cinco de não opções presidenciais;
Entretanto, também acho que depois disto e com o FMI cada vez mais aí, vamos mesmo para eleições antecipadas.
(*) título do Público que bem se aplica à situação
1 comentário:
O Cavaco fez um bom diagnóstico da situação do país, mas apelar ao "sobressalto cívico" em vésperas de uma manif não é de Presidente.
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