26.3.07

Engolir uns SAP(os)

Eu fui um dos 2573406 eleitores que ajudou a colocar José Sócrates no Governo.

Confesso que, nesse 20 de Fevereiro de 2005, o meu principal impulso era o de impedir que Santana Lopes e Paulo Portas continuassem a (des)governar o país. Aqueles quatro meses de Executivo “santanista” serviram, perfeitamente, para o anedotário do país, mas não, seguramente, para o progresso de Portugal.

Também afirmo aqui, sem hesitar, que não sou propriamente fã de José Sócrates, especialmente porque me faz confusão esta espécie de “terceira via” do novo socialismo em que, ao mesmo tempo, se dá um “doce” à esquerda e dois ou três “bolos” à direita, tudo com a mesma convicção e “cara de pau”.

Passados dois anos, em maioria absoluta, é indiscutível que há muito que discutir e bastante que falar sobre este Governo maioritário.

O ataque a alguns estados corporativos e a algumas benesses instituídas, juntamente com o combate à fraude e evasão fiscais, parecem-me os pontos mais positivos da governação e era bom que esse crivo continuasse apertado.

Agora, há aspectos que não podem ser escamoteados e que fazem parte das principais promessas de Sócrates: o combate ao défice, a criação de emprego e a recuperação económica.

Só o primeiro destes tópicos está a correr dentro do prometido mas, como disse Sampaio em Belém, deve haver mais vida para além do défice.

Como a Terra que gira, a recuperação económica é tão lenta que a subida nem se nota no sítio que interessa que é o bolso dos portugueses.

Quanto ao emprego, é bom nem falar: o PS prometeu mais 150 mil postos de trabalho mas, ao contrário, o que se tem visto é o desemprego a atingir valores recorde e já há quem diga que a marca dos 500 mil desempregados já foi ultrapassada.

E é aqui que, verdadeiramente, a “porca torce o rabo” porque um Governo que se diz socialista não pode nunca fechar os olhos a isto.

É que, sinceramente, estou-me borrifando para o défice abaixo dos 3%, para o simplex e o choque tecnológico, a Ota e o TGV… se isso implicar mais empresas a fechar, pessoas sem médico de família nem SAPs, miúdos sem escola ou ATLs.

Contra tudo e contra todos, incluindo o défice, na saúde, na educação e na segurança social não pode haver cortes…

Chamem-me o que quiserem, mas é tudo uma questão de prioridade.

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