Abro o jornal para uma tranquila vista de olhos pelas notícias do dia anterior e levo um soco no estômago, seguido de um directo de esquerda: o sismo no esguio e longínquo Chile tornou os nossos dias mais pequenos.
Cuspo o sangue e os dentes partidos, e penso que "ando mesmo distraído, ainda não tinha dado por nada".
Pessoas que estão fechadas em escritórios de dimensões reduzidas, sem janelas ou plantas, que comem comida de máquina e bebem cafés a mais e que estudam estes fenómenos concluíram que o tremor de terra nos tirou 1,26 microsegundos por dia.
Parece pouco, mas tudo somado dá 0,45 segundos por ano e 9,19 segundos nos próximos 20 anos, isto na vida de cada um dos 6,5 mil milhões de terráqueos.
Em 9,19 segundos muita coisa pode acontecer. Imaginem quantas ideias geniais se podem perder, as boas acções que vão ficar por fazer por falta de tempo ou os encontros com o destino irremediavelmente perdidos.
Na parte que me toca, fico com mais uma desculpa para me baldar a eventos sociais e a reuniões de família com primos com alcunhas como "Zé Bagaço": "Não vai dar para ir, pá, ainda me estou a habituar à mudança do eixo da Terra".
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2 comentários:
camarada, tu já esgotaste todas as desculpas possíveis para te baldares a "cumbibios"
hehehe.. muito bom o texto, rvr:)
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