Cresci a ouvir chamar ao jornal "A Bola" a "Biblia do Desporto". Sempre ouvi também que era um jornal muito bem escrito, por verdadeiros Mestres do jornalismo que tratavam a palavra e o português com a sabedoria e o carinho que estes merecem: Vitor Santos, Alfredo Farinha, Aurélio Márcio, Carlos Miranda, Homero Serpa, Carlos Pinhão, sei lá quantos mais, faziam parte deste lote de notáveis.
Era com grande alegria que eu recebia o jornal lá em casa. Não acontecia muitas vezes e, talvez por isso, era sempre muito especial. O meu pai, sportinguista não muito militante, gostava, de quando em vez, de dar um miminho ao filho mais novo, benfiquista doente, e comprava "A Bola" depois de alguma daquelas grandes vitórias "encarnadas". Era ainda aquela "A Bola" grande, desconfortável de manusear, que nos deixava as mãos num estado lastimável, mas que me sabia tão bem ler... Outro passo importante foi quando eu, já com mesada, e de férias na praia, na altura louca das transferências, comprava o jornal para saber tudo.
O meu amor por desporto e por jornalismo pode muito ter a ver com este jornal e estes Senhores, não me custa nada admitir isso. Ainda hoje recordo o dia em que o meu telemóvel tocou e apanhei um susto: era de "A Bola", queriam saber se eu ainda estava disponível para um estágio. "Bolas, agora???". O cv tinha seguido nove meses antes. "Agora, já não posso, estou a trabalhar". Doze anos passados não me arrependo, mas teria sido interessante.
"A Bola" passou por muito ao longo da sua história, décadas dedicadas ao desporto, acredito sempre em busca da verdade, do rigor, com respeito por tudo e por todos... e também pela Democracia.
Também por isto, esta "coisa" do jornal "A Bola" - que eu aprendi a respeitar ao longo dos anos - ter censurado um texto, 36 anos depois do 25 de Abril, merece-me a mais veemente CENSURA. É verdadeiramente lamentável.
Porque aqui só se censura a censura, aqui fica o texto integral do Zé Diogo Quintela:
"Na 3ª feira, Miguel Sousa Tavares insinuou que eu e o Ricardo Araújo Pereira costumamos corrigi-lo por ele ter sido o único convidado, além do Presidente da República, a não ter vindo ao “Gato Fedorento Esmiúça os Sufrágios”. O Ricardo desmentiu ontem essa tese de vendetta e julgo não ser necessário voltar a referir as inúmeras pessoas que também não aceitaram o nosso convite, pessoas que não costumamos corrigir. Talvez porque não tenham por hábito defender teses absurdas e incoerentes sobre o Apito Dourado. Por outro lado, há muita gente sobre quem costumo escrever e que foi ao programa. José Sócrates e Passos Coelho, por exemplo. Deve ser para lhes pagar o favor de terem aceite o convite. Acha MST que hoje diremos que o convite foi um erro e que não sabemos porque o convidámos. Acha também que sabe bem porque é que não aceitou. Engana-se.Para já, não foi erro nenhum, sabemos bem porque o convidámos: para ele fazer o que faz aqui, mas na televisão, que é mais espectacular. Depois, palpita-me que ele já não sabe porque recusou: aquilo passou-se há um ano, tempo mais que suficiente para MST entretanto ter mudado a sua convicção.Entretanto, pela segunda vez num ano, MST tenta intimidar-me por causa do que escrevo nestas crónicas. Em Janeiro pediu a Pinto da Costa para que me processasse. Desta vez, vitimiza-se e ameaça abandonar a sua crónica n’A BOLA, pretendendo que o Ricardo e eu sejamos responsabilizados pela sua saída. Depois das queixinhas, uma ameaça de amuo. Que birra se seguirá? Suster a respiração? Que outras traquinices tem MST em carteira para me sensibilizar?Não gostava que MST deixasse de escrever aqui. Gosto de o ler. Quero que, entre outras coisas, continue a dizer que, quando Porto lhe pagou uma viagem, Calheiros estava reformado (a sério, não sei mais o que faça para desmentir isto. Trazer cá o homem? Se lhe pagar a viagem, de certeza que vem…). Por isso, deixo-lhe um pedido. Faça às nossas crónicas o mesmo que faz com as fontes que cita: não as leia. Ignore-as. Finja que não existem, não responda. É um direito que o assiste. Olhe, até vem consagrado na 5ª emenda (que faz mesmo parte da Constituição, não é como a Declaração de independência). MST pode invocá-la. Evitará auto-incriminar-se.”
11.11.10
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3 comentários:
Tambem censurou parte da crónica.
Convinha, também, que citasse a fonte (isto caso o Zé Diogo Quintela não tenha escolhido o seu blogue para publicar o texto)
Não é meu hábito responder a anónimos, mas sempre lhe digo que a crónica do Zé Diogo não foi censurada (pelo menos neste site) e está tal e qual como a li em vários sites. Agora, como não quero que lhe falte nada, digo-lhe que a versão integral foi colocada pela primeira vez neste site: Sportingapoio.com
caro anónimo, volte quando quiser. Para a próxima espero que tenha coragem de assinar
Eu lamento a decisão do jornal e lamento também que os comentadores já andem a comentar os comentários uns dos outros.
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