Abril chegou ao fim.
Pão, paz e liberdade.
Pão caro,
Paz rara,
Liberdade condicionada
Em Baleizão, chove sobre a foice e o martelo
Enferrujam
Como os restos da ocupação
Gritam os antigos senhores
E com razão
Não arreda o pé o povo sem ambição
Portugal não muda
Portugal veste-se melhor
Como se vestem os mortos
bem, mas para nada
Morre a pomba branca
Cai ao chão o ramo de oliveira
O país sem rumo
Sem tino, nem destino
Chove em Baleizão
E Abril chegou ao fim
Nota: faz muitos anos que levei a caneta e o papel a Baleizão, sob um céu negro de granizo.
Procurei antigos proprietários expropriados, e encontrei também os que ficaram com o que não era seu.
Em uns e outros, o mesmo olhar a dizer "tudo foi perdido, tudo foi em vão". Como quem perdeu uma batalha, em que só sobraram os restos do que já foi.
Em Baleizão, à beira de uma estrada de terra batida, no meio do campo lá estava a foice e o martelo, a marcar a morte de Catarina Eufémia.
E depois choveu pedra, e a memória curta guardou a imagem de um Abril mais triste.
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1 comentário:
Agora quem "mexe" no Alentejo são os estrangeiros.
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